Você já percebeu que tudo à sua volta é um projeto?

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DESCOMPLICADA (4)

Gestão de Projetos para Engenheiros de Produção

1. Por que falar de projetos na Engenharia de Produção?

No Brasil, desperdícios em projetos custam bilhões de reais todos os anos.

A edição nacional do PMI Pulse of the Profession mostrou que empresas que investem em práticas maduras de gerenciamento desperdiçam até 28 vezes menos recursos do que as de baixo desempenho planservice.com.br.

Ao mesmo tempo, 61 % dos profissionais de projetos atuam hoje em regime híbrido ou remoto, exigindo novas competências de coordenação e comunicação pmidf.org.

Nesse contexto, o engenheiro de produção assume papel estratégico porque domina, simultaneamente, processos, dados e recursos humanos ― o tripé que sustenta qualquer projeto de capital ou melhoria de processo.

2. Conceito de projeto segundo a norma brasileira

A ABNT NBR ISO 21500:2021 define projeto como um esforço temporário para atingir objetivos específicos por meio da criação de entregáveis únicos, sempre limitado por prazos, custos e riscos pt.scribd.com.

Essa definição, adotada pelas diretrizes nacionais de várias empresas públicas e privadas, reforça a natureza finita e orientada a resultados que diferencia projetos de rotinas operacionais.

 

3. Cinco pilares para gerir projetos na prática brasileira

  1. Planejamento orientado a valor
    Engenheiros de produção devem traduzir requisitos em escopos estruturados (WBS), vincular cada pacote de trabalho a estimativas de recursos e usar cronogramas de rede (CPM/PERT) para evitar “ilusões de prazo”. A técnica 5W2H facilita a validação rápida de objetivos e restrições com as partes interessadas.

  2. Execução com abordagem híbrida
    A integração de reuniões diárias curtas (Scrum) a marcos clássicos de acompanhamento tem mostrado ganhos de até 35 % na velocidade de entrega em indústrias brasileiras que combinaram Disciplined Agile com Lean Manufacturing pmidf.org.

  3. Monitoramento e controle quantitativo
    A Análise de Valor Agregado (EVM), ainda subutilizada no país, provou elevar o controle de custo e escopo em obras civis, segundo estudo comparativo publicado na Gestão & Produçãoscielo.br. Índices CPI e SPI < 1, por exemplo, alertam precocemente sobre sobrecustos e atrasos, permitindo ação corretiva antes que o desvio passe de 10 %.

  4. Encerramento baseado em lições aprendidas
    Projetos sem pós‑análise repetem erros. Documentar o que funcionou, o que falhou e por quê cria um banco de conhecimento alinhado às exigências de melhoria contínua previstas nas Diretrizes Curriculares da ABEPRO portal.abepro.org.br.

  5. Gestão de pessoas e stakeholders
    Pesquisas locais indicam que motivação de equipe cresce 17 % quando o gerente usa ferramentas de análise de poder‑interesse para comunicar decisões de forma clara e frequente pmidf.org. Soft skills, portanto, são tão críticas quanto MS Project ou Power BI.

 

4. Competências diferenciadoras do engenheiro de produção

A formação recomendada pela ABEPRO e pelas novas DCNs de 2019 enfatiza: visão sistêmica, raciocínio quantitativo, liderança colaborativa e foco em sustentabilidade portal.abepro.org.br. Na prática, isso significa:

  • Decisões guiadas por dados – domínio de estatística e BI para priorizar riscos.

  • Integração Lean–Six Sigma – estudos de caso nacionais mostram savings de R$ 1,9 milhão em cinco meses na indústria automotiva gembagroup.com.br.

  • Aderência a ESG – entrega de resultados sem ignorar impactos ambientais e sociais.

 

5. Benefícios mensuráveis para organizações brasileiras

  • Economia direta: projetos Lean Six Sigma executados por Green Belts geraram ROI ≥ 4:1 em plantas químicas brasileiras, segundo levantamento da FIRJAN IEL cartadaindustria.firjan.com.br.

  • Redução de riscos: uso sistemático de EVM em obras do Nordeste identificou desvios orçamentários de 9–20 % ainda no primeiro ano, evitando estouros financeiros repositorio.ufersa.edu.br.

  • Retenção de talentos: companhias com programas formais de capacitação em gestão de projetos apresentam índices de rotatividade muito menores, reforçando competitividade planservice.com.br.

 

Conclusão

A literatura e os casos brasileiros convergem em um ponto: dominar gestão de projetos, com método e evidência, é um dos maiores diferenciais para o engenheiro de produção. Quem aplica normas nacionais (ABNT NBR ISO 21500), métricas quantitativas (EVM) e metodologias de melhoria (Lean Six Sigma) entrega mais rápido, gasta menos e gera valor tangível ― para a empresa e para a própria carreira.

Próximo passo: escolha um projeto piloto no seu contexto acadêmico ou profissional, aplique pelo menos uma ferramenta quantitativa (EVM ou CPI/SPI), registre lições aprendidas e comunique resultados. Esse ciclo fecha a teoria com a realidade e posiciona você como gestor de projetos de alta performance.

 

Referências brasileiras

  1. ABNT NBR ISO 21500:2021Gerenciamento de projeto, programa e portfólio pt.scribd.com

  2. PMI – Pulse of the Profession (Brasil) – Dados de sucesso e desperdício em projetos planservice.com.br

  3. PMI Distrito Federal. “Explorando o Futuro da Gestão de Projetos.” Artigo sobre modelos híbridos e trabalho remoto pmidf.org

  4. Silva et al. (2023). “Estudo comparativo entre práticas empresariais e EVM na construção.” Gestão & Produção. scielo.br

  5. França (2024). “Análise do Gerenciamento de Valor Agregado em Fortaleza‑CE.” TCC UFERSA. repositorio.ufersa.edu.br

  6. Gemba Group (2025). “Lean Six Sigma na indústria automotiva: R$ 1,9 milhão de saving.” gembagroup.com.br

  7. FIRJAN IEL (2023). “Capacite‑se! Green Belt para eliminar desperdícios.” cartadaindustria.firjan.com.br

  8. ABEPRO. “A Profissão da Engenharia de Produção.” portal.abepro.org.br

  9. Ministério da Educação – DCNs de Engenharia (2019). portal.abepro.org.br

 

 

 

 
 
 
 
 
 

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